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saudade...
Uma das estações do ano – o inverno –parece ter estreita relação com a saudade.Ele nos traz uma atmosfera de nostalgia e tristeza. Após uma chuva rigorosa, as plantas ficam quietas e silenciosas. O vento fica tímido, o horizonte parece suspirar melancolia e saudade. Os dias são frios, tristes, chorosos.A mão pesada do cansaço sugere que fiquemos protegidos sob o céu do nosso lençol, indefinidamente.Alia-se a toda essa atmosfera a vocação natural da nossa alma para a saudade.Sentimos saudades,às vezes,sem saber por quê. E por  quem a sentimos.É um sentimentozinho estranho,um pouco apertado,sufocando a garganta de nossa alma.Durante a estação invernosa,após as chuvas, natureza também parece sentir saudade e falta de alguma coisa.Mas percebe-se que  há uma diferença - o coração da natureza tem um lenitivo para atenuar sua nostalgia – o rei Sol. Ele costuma surgir após chuvas rigorosas, com seus raios quentes e fortes, atenuando a umidade, fazendo as plantas sorrirem, enxugando ruas e telhados.As folhas e galhos parecem dançar felizes,levemente,ao som de uma valsa de Mozart. A saudade que a natureza demonstra sentir depois "de tomar banho" ,parece ser passageira. Cedo ou tarde,o Sol dissipa-lhe  a nostalgia do coração. E ela volta ao seu estado normal,enquanto a saudade dos humanos já nasce entranhada, nas veias e sangue da alma e não pode ser deletada. "Está gravada nas tábuas de nossos corações". Como viver sem saudade, se o "agora”,daqui a pouco já poderá ser saudade?Não é à toa que a nostalgia tem sido “uma das musas inspiradoras” de poetas e artistas.Casimiro de Abreu, em um tenso momento de saudade produziu um dos mais belos poemas da Literatura Brasileira: “Oh, que saudade que eu tenho da aurora da minha vida, da minha infância querida que os anos não trazem mais...”. Em outro poema intitulado “saudade” ele afirmou – “saudade – dos meus amores, - saudade da minha terra” .Na música “capela” Paulo Sérgio expressa com força e vigor todo seu saudosismo: “...quanta saudade sinto da nossa casinha, bem pertinho da pracinha...”Enfim, já nascemos programados para senti-la. A natureza não.Ela parece ficar nostálgica e melancólica apenas após as chuvas ,mas em seguida se recompõe.É passageira,momentânea. A saudade dos humanos,não. Nasce conosco e nos acompanha à eternidade.De onde vem, então, esse sentimento? Por que ele nos incomoda tanto? Qual o verdadeiro propósito dele em nossa vida?

Marcos Antonio Vasconcelos Rodrigues

Marcos Antonio Vasconcelos
Enviado por Marcos Antonio Vasconcelos em 17/12/2011
Alterado em 20/04/2015


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