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Existe a Pessoa Ideal ou alma gêmea ?
“Alma gêmea”, “príncipe encantado”, “cara metade”, são algumas das expressões criadas ao longo do tempo para manifestar o desejo do coração humano de encontrar seu “par ideal”.
Essa “alma gêmea”, no caso, seria alguém que só  proporcionasse felicidade. Que fosse fiel, protegesse e amasse incondicionalmente, além de ser alguém que satisfizesse ou ajudasse a satisfazer todas as necessidades materiais e imateriais. Será que existe uma pessoa assim? Parece que não. O que existe, na verdade, é uma “alma gêmea” no sentido de existirem pessoas com as quais se tem afinidades, gosta-se de sua companhia. Mas longe de serem pessoas que possam preencher o deserto imenso do coração humano.
Mesmo assim, a convivência com a pessoa com a qual se  tem afinidades precisa do suporte do amor verdadeiro para subsistir às intempéries da convivência do dia a dia. Segundo o apóstolo Paulo “o amor é paciente, bondoso; o amor não é invejoso, não se presta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta...”
Portanto, conforme Paulo, o amor verdadeiro implica renúncia. No mito da “alma gêmea” a pessoa que anseia por outra, parece querer uma outra pessoa que possa suprir suas carências sentimentais, emocionais e espirituais e, às vezes, materiais. Que possa sentir como ela sente. É  como se a outra tivesse que se “anular” para fazê-la feliz. À medida que isto não ocorre chega-se à conclusão de que foi feita a escolha errada. A busca pela “pessoa ideal” prossegue, arranjam-se parceiros e mais parceiros e o resultado, geralmente, é desencanto e desilusão com o sexo oposto e em alguns casos, solidão.
Consequentemente passa-se a desacreditar no namoro sério, no casamento. Foram criadas até mesmo frases preconceituosas tipo “todo homem é igual”,"Não existe homem fiel", “toda mulher é assim mesmo” e tantas outras,para demonstrar o desencanto e a decepção das pessoas com determinados relacionamentos. Frases de significados eternos como “meu amor”, “meu bem”, “eu te amo” foram banalizadas a ponto de se tornarem interjeições, pronomes de tratamento. Qualquer pessoa é “meu bem”, “meu amor”. Embora não pareça, a banalização de frases de significados eternos de certa forma, é a manifestação inconsciente de pessoas decepcionadas com relacionamentos amorosos. "... que o amor não seja fingido...”, disse o apóstolo Paulo.
Assim,o ideal seria que, ao invés de se buscar uma "alma gêmea" se buscasse uma pessoa pessoa com a qual se tem afinidades e que fosse detentora de valores como sinceridade,honestidade,fidelidade, respeito,espírito de colaboração,dentre outos valores. E principalmente,que não se criasse muita expectativa em torno de um relacionamento. Afinal,o outro também é falho como eu.
Com essa visão, nossa busca deixaria de ter por base  o mito da “Alma Gêmea” e as chances de decepção seriam drasticamente reduzidas e as possibilidades  de se encontrar a pessoa "certa" seriam largamente  ampliadas.

Marcos Antonio Vasconcelos Rodrigues
Marcos Antonio Vasconcelos
Enviado por Marcos Antonio Vasconcelos em 24/03/2012
Alterado em 20/04/2015


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