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Explicando a Doutrina da Teologia da Prosperidade
As idéias que sustentam a doutrina da teologia da prosperidade ou confissão positiva são, no mínimo, controvertidas. Ela foi elaborada a partir de estudos feitos por seu fundador, Essek William Kenyon, sobre o poder da mente e do pensamento positivo. Suas conclusões se juntaram às três citações bíblicas usadas pelos seguidores da doutrina –Gênesis 17,7 - Marcos 11.23,24 e Lucas 11.9,10  e uma revelação que o discípulo de Kenyon, Kennet Hagin, jurou ter recebido pessoalmente de Jesus que  lhe apareceu e disse: -“Hagin, escreva de um a quatro a “fórmula da fé”.(Por que Jesus apareceria a Hagin para negar o que já houvera afirmado nos Evangelhos há mais de dois milênios? )Além dos componentes citados há, ainda, duas outras teorias que ajudaram a compor a doutrina da prosperidade:”“a autoridade espiritual” e “as bênçãos e maldições da Lei”. Todavia, o coração da ideologia acaba sendo mesmo “a fórmula da fé” que é a seguinte:
1) “Diga a coisa” (a pessoa determina e acontece) .Está escrito no livro de Jeremias:"...não é do homem o seu caminho,nem do homem que caminha dirigir os seus passos..."Desta forma, a maioria das coisas que planejamos não ocorrem de acordo com nossos desejos e planos. Podemos determinar em dado momento algo que seja bom aos nossos olhos, mas  futuramente poderá nos trazer más conseqüências , uma vez que não somos oniscientes. Sobre isto  a Palavra não deixa dúvidas ao afirmar no livro
de Provérbios:"...Há caminho que ao homem parece direito,mas o fim dele são caminhos de morte. Assim, é sempre prudente fazer o que Jesus ensinou:  "...não seja o que Eu quero, mas o que Tu queres..." ou ainda o que Ele nos ensinou na oração do Pai-nosso"...Seja feita a  Tua vontade, assim na terra como no Céu..."Infelizmente, os seguidores da confissão positiva foram aconselhados por um de  seus mestres, Hagin, a não usar esta frase de Jesus,pois segundo ele,enfraquece a fé.Hagin desaconselha,ainda,  o uso  palavras ou frases que demonstrem dependência ou submissão a Deus, tais como  eu rogo,eu suplico,eu imploro.Ao   invés delas sugere que se utilizem expressões com verbos no imperativo,tais como,DETERMINO,ORDENO,DECRETO... e tantos outras já  conhecidas. Está escrito “humilhai-vos na presença de Deus e ele vos exaltará”. Fica claro que Deus quer que nós nos humilhemos com um coração contrito e não que " O encostemos na parede". O salmista afirmou: ...os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado não desprezarás, ó Deus...”
2) “Faça a coisa” (de acordo com sua ação você recebe ou deixa de receber)
É correto e coerente que lutemos, façamos a coisa certa, todavia, as coisas só acontecem no tempo de Deus... Há um período de tempo para que as coisas aconteçam tanto nas Leis do mundo físico, quanto nas do mundo espiritual. O salmista afirmou: “...Esperei com paciência pela ajuda do Senhor...”
3) “Receba a coisa” (basta que por meio da fé estabeleçamos ligação com o Céu e a coisa será dada)
Conforme Jesus afirmou:"...seja feita a tua vontade e não a minha..." Assim, as coisas acontecem de acordo com a vontade e o tempo de Deus. A fé não é para se “barganhar”, “conquistar” coisas materiais como fazem os seguidores da teologia da prosperidade, mas para a salvação e o agrado de Deus. Também está escrito “...porque sem fé é impossível agradar a Deus...”; “... porque pela graça sois salvos ,por meio da fé;e isso não vem de vós é dom de Deus..."
4) “Conte a coisa” (os outros precisam saber para também acreditarem).É bom que se conte a bênção,todavia a publicação da bênção teve ter  por propósito  glorificar e honrar a Deus e não ser usada como instrumento de mercantilização para atrair outros "fiéis" e assim subtrair-lhes em forma de promessas de bênçãos materias em nome de Deus ofertas,dízimos,etc.
Observa-se que,mesmo fazendo uma análise superficial à luz de alguns versículos, a teologia da prosperidade, não resiste ao mais simples argumento bíblico, o que mostra a fragilidade de tal doutrina,porque ela realmente caminha na contramão da Palavra.Jesus fez menção a dois caminhos- o estreito e o largo. O estreito conduz à salvação da alma,mas requer renúncia,ao passo que o caminho largo pode ser representado por tudo aquilo que se opõe aos ensinamentos do Mestre,como é o caso da "confissão positiva",que promove uma luta desenfreada pela prosperidade material,usando o nome de Jesus e os três versículos já citados para alcançar seus objetivos,dando uma dimensão praticamente material à existência humana. Precisamos,sim,de bênçãos materiais e de saúde,porém isto são conquistas que se limitam à vida terrestre.E quando morrermos? A esse respeito,Jesus foi enfático:"...louco,quando pedirem a tua alma,o que tu tens para quem será?..." Portanto,direcionar a vida somente pelo lado material,é no mínimo,uma tolice.
Na Idade Média,a religião oficial era detentora dos poderes político,econômico e religioso. Pena que alguns "grupos religiosos",surgidos a partir dos anos 1970, tenham retroagido na história e  trazido de volta práticas condenáveis,como a mercantilização da fé..Talvez pensem que Deus está indiferente a tudo o que ocorre no planeta... Claro que não. Ele está absolutamente vivo e no tempo certo,tal como ocorreu ,por exemplo,com o Império Romano(demorou 400 anos para cair,mas caiu),o Nazismo,o Marxismo-Leninismo e tantas outras  ideologias ou práticas que surgiram para "atrasar" a Providência e que  caminham na contramão da Palavra,também cairão.É só uma questão de tempo...


Marcos Antonio Vasco Rodrigues,professor.Escreve contos,artigos e crônicas. Membro do Clube dos Escritores Piracicaba,Morumbi, São Paulo,ocupando a Cadeira 052 da Área de Letras, da Galeria dos Academicus Praeclarus .
Clube dos Escritores Piracicaba
Marcos Antonio Vasconcelos
Enviado por Marcos Antonio Vasconcelos em 23/12/2011
Alterado em 20/04/2015


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