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Que me desculpem as bonitas...
Há dois tipos de beleza – a física (visível) e a interna (invisível). A primeira, geralmente, está mais associada à sensualidade, ao mundo material, ao erotismo, ao efêmero, ao orgulho. O segundo, associa-se  a valores como bondade, sinceridade, fidelidade, respeito, simplicidade. A idade da primeira é bem curtinha e a da segunda , não tem fim.
Quantas pessoas já se enganaram com a beleza física? Contá-las seria como contar os grãos de areia do deserto. Os jovens, principalmente, usam como recurso de seleção de seus parceiros, quase tão somente o critério da aparência física. A beleza interna, na maioria dos casos, não é considerada. Neste caso, a pessoa possuidora apenas da beleza física, caso desprovida de valores eternos, passa a ser um problema.Tal pessoa passa a ser objeto de desejo, passa a provocar sensualidade por onde passa,(embora haja exceções) sem se falar que essa pessoa pode tornar-se prepotente e orgulhosa por julgar-se alguém superior aos demais.
Vendo a aparência de alguns santos percebe-se, claramente, que não há nenhuma ou quase nenhuma beleza física neles. Não porque Deus goste apenas dos “feios”, mas parece que os “feios” ficam esquecidos do olho do mundo; por isso, talvez, menos assediados. Tendo, assim, mais chances de se concentrarem na construção da beleza invisível.
Segundo o Profeta Isaías, o Mestre incomparável “Não tinha beleza, nem formosura...” Deduz-se que a beleza física não é prioridade para Deus, embora ela também, tenha sido obra sua. Historicamente, a super valorização da aparência física teve início com o Renascimento que promoveu o resgate dos padrões greco-romanos da beleza ideal.Mas nessa época,somente as 'gordinhas' eram consideradas bonitas. Atualmente, é o contrário: se não for magra, será considerada  feia. Mas o que dizer da primeira metade do século 20 e início do século 21? Veja o que diz o historiador Luiz Eduardo Simões de Souza "as beldades da década de 20 se parecem mais com as de hoje, por exemplo, do que com a rechonchuda Marilyn Monroe da década de 50. "Mas o padrão que se estabeleceu nos últimos dez ou quinze anos, principalmente, é o que se pode chamar de 'padrão aborígene': o bonito é introduzir coisas no corpo, como o silicone e os anabolizantes, ou mesmo tatuagens e piercings." O único problema é que, assim como acontece com os aborígenes, corremos o risco de ficar cada vez mais parecidos uns com os outros. "Isso faz sentido", conclui o historiador, "pois é totalmente coerente com a sociedade de consumo capitalista em que vivemos."
Mas independente dos padrões de beleza impostos pela sociedade de consumo através dos tempos,o ideal era que tivéssemos os dois tipos de beleza: Primeiro a “interna”, em seguida a “fisica”. Mas, caso tivéssemos apenas a primeira, ela já seria absolutamente necessária para tornar os que convivem conosco pessoas mais felizes e  ajudar a  construir uma sociedade menos preconceituosa.
O poeta Vinicius de Morais afirmou há tempos: “Que me desculpem as feias, mas beleza é essencial”. Porém, peço licença à memória do saudoso Vinicius para reconstruir sua famosa frase. “ Que me desculpem as bonitas, mas beleza não é fundamental.

Marcos Antonio Vasconcelos Rodrigues
Marcos Antonio Vasconcelos
Enviado por Marcos Antonio Vasconcelos em 24/03/2012
Alterado em 20/04/2015


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