Marcos Antonio Vasconcelos Rodrigues Pensar e Repe

Pensar e repensar

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Garrincha: a coroa de rei lhe pertenceria?
Quando garoto sempre ouvia algumas pessoas mais velhas que gostavam de futebol,  dizerem que o título de rei do futebol deveria pertencer a Garrincha e não a Pelé.Muitos anos depois,relendo as biografias de Pelé e Mané Garrincha e os vídeos disponíveis ,deduzi que as pessoas que faziam essa afirmação,talvez tivessem uma certa razão. Eu não entendia muito bem por que elas falavam aquilo,mas a frase ficou gravada na minha memória.Na verdade,há mais cognomes exaltando a genialidade de Garrincha com a bola nos pés que cognomes de exaltação a Pelé: alegria do povo,rei do drible,o gênio das pernas tortas , o maior de todos, dentre outros.  Mas,por que o esplendor do rei do drilble foi tão passageiro? E por que não chegou a ser coroado rei?Resposta simples: A vida desregrada fora de campo. Garrincha começou no Botafogo em 1955 e já  em 1962 já se encontrava em declínio. Foram apenas 8 anos de alegria,de futebol esplendoroso. Pelé  começou aos 16 anos (quando participou da Copa de 1958,tinha 17 anos) e jogou até os 37. Mané poderia ter chegado a jogar a mesma quantidade de anos que Pelé e assim teria tido mais tempo de projetar-se.O rei do futebol teve mais tempo e equilíbrio para mostrar sua arte e genialidade.Observe que Pelé e Garrincha foram contemporâneos. O primeiro nasceu em 1940 e o segundo em 1933.Qual a grande diferença entre Pelé e Garrincha,profissionalmente falando? A vida extra-campo. O atleta do século XX soube ser gênio também fora das quatro linhas.Nesse sentido, a coroa do rei Pelé jamais lhe será usurpada. Outros atletas candidatos a ameaçar a coroa do rei caíram na mesma desgraça de Mané: Maradona,por exemplo. Nesse pequeno,mas grande detalhe, o destino da coroa foi decidido a favor do mineiro de Três Corações. O rei do futebol defendeu durante 28 anos a camisa do mesmo time,o Santos Futebol  Clube,  de 1956 a 1974.Isto se chama fidelidade,identificação e gratidão ao time que o projetou.Após abandonar  o futebol profissional   pelo Santos,foi jogar pelo  Cosmos de Nova York, muito mais para promover o futebol ianque. Caso não produzisse o mesmo futebol,poderia alegar que estava ali mais para promoção que para jogar bola.O rei pensou em todos os detalhes. Tomou decisões sábias, sabendo inclusive,parar no momento certo. E após parar,  continuou levando uma vida equilibrada moralmente. Soube manter e preservar o que  havia conquistado como jogador.A alegria do povo,pelo contrário.Além da vida desregrada fora dos gramados, defendeu vários times:  Botafogo(RJ)-1953 a 1965,Corinthians (SP)-1966, Portuguesa-RJ -1967, Atlético Junior (COL)-1968, Flamengo (RJ)-1968. Fim de Carreira:, Olaria (RJ)-1971/1972, Juventus (AC), CEUB (DF), Souza (PB), Millonários(COL)-1974-1982. Observe que enquanto Pelé crescia,Garrincha declinava,passando por equipes desconhecidas  como Juventus do Acre e CEUB de Brasília.Garrincha talvez soubesse fazer as pessoas mais felizes com a bola no pé que Pelé,porém não sabia cuidar dos pés(da vida) que produzia alegria.Depois da conquista do Bicampeonato Mundial do Brasil em que foi um dos destaques e após a conquista do bicampeonato carioca conquistado pelo Botafogo em 1962 em que Garricha "pintou e bordou" contra o Flamengo,o gênio das pernas tortas começa a entrar em declínio.Infiltrações no joelho, a bebida alcoólica,principalmente, foram os dois inimigos que tomaram,talvez, a coroa de Garrincha. É incrível.No auge,depois de conquistas históricas e inesquecíveis, a alegria do povo começa a declinar. Seria o momento, a hora de se consolidar como craque e consequentemente  conquistar  o título de rei do futebol,uma vez que era  considerado o atleta mais habilidoso que já existiu em todos os tempos  e nenhum jogador na história do futebol possuía a espantosa habilidade para driblar os adversários  como ele.
Se Mané tivesse tido harmonia fora das quatro linhas quem sabe a coroa real não lhe tivesse ido parar na cabeça?Ou pelo menos teriam que coroar dois reis do futebol, num mesmo país.

Marcos Antonio Vasconcelos Rodrigues
Texto escrito em 31 de maio de 2010.
Marcos Antonio Vasconcelos
Enviado por Marcos Antonio Vasconcelos em 25/03/2012
Alterado em 20/04/2015


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