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Heitor e Helena - o reencontro muitos e muitos anos depois
Heitor aguardava ser recebido por dona Alice.Ouviu o grito suave dela lá de dentro da modesta casinha - Meu filho, espere aí que já estou indo. Heitor ficou aguardando ser recebido pela bondosa senhora sentado num sofazinho pequeno, o qual era revestido com uma espécie de plástico grosso e com os pés de madeira. A areazinha tinha o piso de ladrilho e as paredes pintadas com tinta comum, daquelas que se comprava nos depósitos e na qual se adicionava água. As paredes pareciam ter uma cor esverdeada. Era um espaço pequeno, mas aconchegante e ventilado. Ia sempre lá visitar a bondosa senhora , que era amiga de sua mãe. Heitor gostava dos agrados de dona Alice. A simpática senhora sempre o recebia com um sorriso no rosto e sempre agradava o menino com alguma guloseima- um pedaço de bolo, um caju, uma siriguela. A bondade e os agrados de dona Alice conquistaram para sempre o coração de Heitor.
Era perto do meio-dia. Enquanto Heitor aguardava Alice, ele começa a sentir os odores gostosos da panela da boa senhora.E começou a sentir fome. Enquanto se preparava para pedir um copo d'água, ouviu o ranger do velho portãozinho de ferro e por ele viu adentrando alegre e rapidamente a figura esguia e bela de uma menina que aparentava ter uns treze anos ou um pouco menos. Sua figura alta e esguia era guardada por uma saia azul com listras brancas horizontais,Vestia uma blusa branca de algodão e usava tênis azul, os chamados tênis bamba. Às costas, trazia uma mochila preta, em que conduzia seu material escolar. Helena era o nome da moça. Heitor, embora com fome, observou fartamente a beleza e leveza daquela menina de sorriso maroto e rosto angelical. Percebeu que ela vinha alegre e sorrindo. Mas para quem ela sorria se nem percebeu sua presença à frente dela? Se estava tão alegre e feliz por que nem deu bom dia para Heitor? O coracão do moço atrofiou de tristeza naquele momento. Era muito tímido, é verdade, mas certamente corresponderia, com agrado, ao cumprimento de Helena. Para Heitor, o encanto e beleza daquela moça mais parecia o surgir da primavera em uma região inóspita. Viu Helena entrar na sala e logo ir gritando: -Mãe, estou com fome. Enquanto isso, Heitor colocou a cabeça na porta da sala e disse: - Dona Alice, eu vou indo pois já é mais de meio dia e eu preciso ir à escola.- "meu filho, espere, não vá agora", disse ela. Respondeu-lhe. -Eu vou,dona Alice, depois eu venho aqui. Heitor havia ficado com o coração machucado por causa da falta de cumprimento de Helena. Após isso, o moço retornou à casa de dona Alice outras vezes, mas não mais encontrou a presença bonita de Helena. Muitos anos se passaram após esse encontro com a bela jovem, mas a imagem dela ficou guardada e congelada em sua mente. Agora, após muitos e muitos anos depois, o destino propiciou o reencontro dessas duas almas. Antes de reencontrá-la, várias perguntas incomodam o coração de Heitor. Como está Helena? O que ela fez durante todos esses anos? Será que ela ainda preserva aquele corpo escultural e o sorriso inebriante? Heitor tem uma imagem arquivada de Helena. E ela, teria dele alguma recordação? Como o receberá? Será que Heitor vai conseguir se fazer perceber a ponto de tocar o coração da madura mulher Helena? Como estava seu belo sorriso? E seu rosto longo e afilado? Como Heitor conseguirá atualizar a imagem de Helena com a imagem congelada de tantos e tantos anos? Marcos Antonio Vasconcelos Rodrigues
Marcos Antonio Vasconcelos
Enviado por Marcos Antonio Vasconcelos em 31/01/2015
Alterado em 30/11/2015 Copyright © 2015. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |